Alzheimer: o que acontece no cérebro das pessoas afetadas? - Blog - Hospital Vera Cruz

21/09/2023

Alzheimer: o que acontece no cérebro das pessoas afetadas?

O Alzheimer é o tipo de demência mais comum, respondendo por cerca de 60% dos casos. Acompanhe os sinais e sintomas e entenda como a doença impacta o cérebro.

 

Segundo a ONU, em 2020, o mundo abrigava cerca de 730 milhões de pessoas com 65 anos ou mais – isso representava mais ou menos 10% da população. Em menos de 30 anos, quando chegarmos a 2050, esse número deverá ter dobrado, atingindo a marca de 1.5 bilhão de idosos. Sinal de que os avanços econômicos, sociais e, principalmente, médicos das últimas décadas têm resultado em maior sobrevida. Sinal, também, de que novas questões precisarão ser discutidas muito em breve pela sociedade – e uma das principais tem tudo a ver com a mente dessa parcela mais experiente da população.

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Um dos problemas de saúde mais comuns entre idosos é a demência. O termo engloba diversas doenças neurodegenerativas, sendo que a mais comum delas é o Alzheimer, que responde por 60-80% dos casos.

Atualmente, estima-se que 50 milhões de pessoas, em todo mundo, estão com algum tipo de demência. Até 2050, com o progressivo envelhecimento da população, esse número deve triplicar, atingindo a marca de 150 milhões de pessoas. As demências tornam os idosos progressivamente mais dependentes de auxílio, o que causa um forte impacto sobre a própria saúde e qualidade de vida, assim como sobre a vida e as finanças das pessoas ao seu redor.

21 de setembro é o Dia Internacional do Alzheimer. Aproveitando a data, vamos discutir o que é a doença, como ela se encaixa no quadro mais geral das demências, e o que podemos fazer para tentar frear o seu avanço.

 

O que é demência?

O termo se refere a doenças do cérebro que resultam em sintomas característicos, como dificuldades de memória, de linguagem e de raciocínio.

Como vimos acima, demência é um ‘termo guarda-chuva’, que abrange uma série de doenças diferentes (uma delas é o Alzheimer).

Além do Alzheimer, alguns outros tipos de demência são Parkinson, doença cerebrovascular e demência frontotemporal.

Estima-se que, em 2020, os custos das demências (no orçamento familiar, dos hospitais e do sistema de saúde) ultrapassaram a marca de 01 trilhão de dólares no mundo. Até 2030, a cifra pode chegar aos 02 trilhões.

 

E o Alzheimer, o que é?

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, ainda sem cura, progressiva. “Por fora”, ela é caracterizada pelo comprometimento cognitivo e de comportamento, que piora com o tempo e interfere gravemente no dia a dia do paciente, levando à eventual incapacidade. “Por dentro” – isto é, no nível do cérebro –, existem danos bastante específicos que caracterizam a doença.

No Alzheimer, os neurônios sofrem danos irreparáveis. As células cerebrais que são inicialmente afetadas estão nas regiões relacionadas à memória, ao raciocínio e à comunicação – não à toa, os sintomas associados a elas são os primeiros que aparecem.

Em imagens do cérebro de pessoas com Alzheimer, é possível identificar pelo menos 02 sinais característicos. O primeiro é a formação de ‘placas’, especialmente na região conhecida como hipocampo, importantíssima para a formação de memórias, e em partes do córtex relacionadas ao raciocínio e à tomada de decisões. Essas placas são formadas pela proteína beta-amiloide. Acredita-se que elas atrapalhem a comunicação entre os neurônios, impedindo o funcionamento das sinapses. Já na parte interna dos neurônios, é possível identificar o acúmulo de uma forma anormal de uma outra proteína, chamada de tau. Esse acúmulo causa danos ao transporte de nutrientes e de moléculas essenciais à sobrevivência do neurônio.

O resultado das placas de proteínas beta-amiloide e do acúmulo da proteína tau? Danos e destruição de neurônios, o que impacta negativamente o funcionamento cerebral.

No momento, não se sabe se as placas de beta-amiloide causam o Alzheimer ou se são uma consequência dos processos subjacentes à doença. Elas são um dos temas mais estudados e debatidos das ciências médicas.

 

Sinais iniciais do Alzheimer

O Alzheimer é uma doença, como vimos, progressiva. Os primeiros sinais e sintomas podem ser bem leves e até mesmo passar despercebidos, sendo confundidos com outras doenças ou com ‘esquecimentos’ e lapsos de raciocínio normais no envelhecimento. Todavia, conforme o tempo passa, a frequência com que eles aparecem, assim como o grau de intensidade, aumentam.

Os sintomas iniciais da doença incluem:

  • Perda de memória: mais do que um simples ‘esquecimento’ de um fato (que retorna à mente algum tempo depois), começam a ocorrer episódios de real ‘esquecimento’ – a informação ‘some’ da cabeça, muitas vezes para sempre;
  • As tarefas cotidianas levam mais tempo para serem realizadas;
  • Ações ligeiramente mais complexas – como fazer contas na hora de pagar uma conta – demoram ainda mais;
  • Há sensação de confusão sobre onde se está;
  • A pessoa passa a cometer ‘erros sociais’ ou a tomar más decisões com frequência;
  • Com o tempo, esses resultados negativos no convívio social levam a uma falta de espontaneidade e de iniciativa de agir;
  • A ansiedade aumenta, e a personalidade adota um tom mais triste ou deprimido.

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Sinais de Alzheimer já avançado

Durante a fase inicial da doença, a pessoa ainda é capaz de perceber que “algo de errado está acontecendo”. Os sintomas não passam em branco: erros e confusões são cada vez mais comuns, e a pessoa sabe disso. Com o tempo, porém, a própria noção sobre a realidade começa a ficar bagunçada.

  • As falhas de memória são cada vez mais comuns;
  • Há muita confusão no dia a dia, mesmo para realizar as ações mais comuns;
  • Aumenta a sensação de incômodo, de agitação, de ansiedade;
  • Caminhadas noturnas, sem rumo ou objetivo, ocorrem frequentemente;
  • Atenção cada vez mais reduzida;
  • Os problemas de reconhecimento de pessoas começam a ocorrer;
  • Linguagem comprometida, seja para falar, ler ou escrever;
  • Incapacidade de aprender coisas novas;
  • Perda do controle sobre impulsos: a pessoa passa a ‘falar o que pensa’, dizer palavrões, ser violento, até mesmo se despe em locais inapropriados;
  • Problemas motores, causando dificuldades para se sentar à mesa ou se levantar de uma cadeira, por exemplo;
  • Alucinações, paranoia, irritabilidade e sensação de ‘perseguição’ são comuns.

 

Sinais de Alzheimer severo

O Alzheimer, quando atinge os estágios mais avançados, traz bastante sofrimento a quem convive com o paciente. Isso porque ele não é mais capaz de reconhecer pessoas próximas, mesmo amigos e familiares muito queridos. A comunicação também é prejudicada. Nessa fase, a pessoa precisa de ajuda para realizar as tarefas mais simples. Eventualmente, parece que o ‘eu’ da pessoa com Alzheimer ‘some’ para sempre…

No estágio final do Alzheimer, a pessoa praticamente passa o tempo inteiro na cama, necessitando de assistência constante. Problemas respiratórios, como a pneumonia por aspiração (infecção pulmonar causada por líquidos ou partículas que vieram da boca ou do estômago e vão parar nos pulmões), são causas comuns de falecimento nesses casos, já que até mesmo as funções de respiração e deglutição estão severamente comprometidas.

Estudos apontam que pessoas com 65 anos ou mais sobrevivem, em média, de 04 a 08 anos após o diagnóstico do Alzheimer. Mas é bom notar que esta é a média: há casos de idosos vivendo mais de 20 anos com a doença.

Alguns dos sinais dessa fase aguda da doença são:

  • Perda de peso, uma vez que há pouco ou nenhum cuidado com a própria alimentação;
  • Aumento no número de horas de sono;
  • Comunicação via gemidos ou sons guturais;
  • Falta de controle sobre a bexiga ou o intestino;
  • Infecções de pele, dificuldade de engolir, convulsões.

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É possível prevenir o Alzheimer?

De acordo com a literatura científica e médica atual, não se pode dizer que exista algo – um remédio, uma prática, um conceito – que necessariamente previna o surgimento do Alzheimer.

Todavia, diversos estudos epidemiológicos – alguns deles envolvendo dezenas de milhares de pessoas – mostraram que um estilo de vida ativo e saudável está correlacionado, sim, a riscos reduzidos de se ter a doença.

Dentre os bons hábitos que estes estudos apontaram estão:

  • Manter-se ativo fisicamente
  • Manter-se ativo socialmente – ter um círculo de amizades na terceira idade vale ouro!
  • Manter-se ativo mentalmente, aprendendo e estudando ao longo da vida
  • Ter boa saúde cardiovascular e respiratória
  • Manter o peso sob controle, assim como a pressão sanguínea
  • Ter uma alimentação equilibrada
  • Não fumar

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Podemos esperar conviver cada vez mais com idosos, tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Apesar de ser uma delícia compartilhar o dia a dia com pessoas mais experientes, isso também traz preocupações, especialmente relacionadas à saúde. O importante é entender a questão e trabalhar para que os ‘efeitos negativos’ da idade impactem cada vez menos as pessoas.

Hoje, existe um forte estigma com relação às demências, o que leva muitas famílias a não buscarem o diagnóstico e o auxílio médico na hora certa. Mesmo ainda não tendo cura, existem tratamentos para Alzheimer e outras demências que ajudam a melhorar sintomas secundários, oferecendo uma qualidade de vida maior ao paciente e a seus familiares. Quanto antes forem iniciados, melhor.

Além disso, vale notar que as demências são algumas das doenças mais estudadas na atualidade. A cada ano, novos medicamentos e tratamentos são testados – inclusive para o Alzheimer. Novas tecnologias têm, também, ajudado os pesquisadores a compreender melhor o que acontece no cérebro quando envelhecemos, permitindo diagnósticos mais rápidos e precisos e ajudando na busca por tratamentos. Smartwatches, monitores cardíacos e aplicativos para celular têm sido utilizados com sucesso na obtenção de dados, em tempo real, sobre a saúde de milhões de pessoas em todo o mundo, registrando informações como qualidade do sono, oxigenação do sangue, taxa de batimentos cardíacos e até mesmo performance cognitiva – tudo isso ajudará os pesquisadores em seus estudos sobre déficits neurodegenerativos e poderá lançar luz sobre os mistérios do envelhecimento do cérebro.

 

Todo mundo vai ter demência algum dia?…

Em 2019, um estudo realizou a maior enquete já feita sobre demência em todo o mundo. Foram entrevistadas quase 70 mil pessoas, de 155 países. Os resultados mostram que 01 a cada 04 pessoas acha que a demência é um processo inevitável – 48% dos entrevistados acreditavam que não é possível melhorar as funções cognitivas via intervenções médicas, e 78% achavam que iriam, eles próprios, desenvolver demência no futuro. Vale reforçar: apesar dessa percepção pública atual, a demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento. É possível amadurecer com saúde física e mental. E, caso uma demência apareça, já há ajuda médica que melhora os sinais e sintomas. Conforme os anos passarem, quem também estará amadurecendo é a ciência médica, e certamente novos tratamentos para esses problemas surgirão no futuro.

Caso desconfie de um caso de demência na família, procure orientação médica. Quanto antes o diagnóstico for feito, melhor será tanto para a pessoa afetada quanto para seus familiares. Vamos, juntos, construir um futuro em que experiência e saúde andarão de mãos dadas!

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PARA SABER MAIS

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20 de abril

A Depressão tem Prevenção e Tratamento

A batalha contra a tristeza  A depressão é uma doença cuja importância pode ser avaliada pelos inúmeros estudos científicos realizados em vários países. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a depressão atinge atualmente 4,4% da população mundial, sendo aproximadamente 5,8% de brasileiros (ou seja, 11,5 milhões de pessoas). A depressão pode, a partir de momentos de crise, tornar-se patológica ou acontecer em reação às situações de intenso sofrimento emocional. A instalação de uma forma ou outra é o que representará o sucesso ou o fracasso na elaboração de perdas significativas. O serviço de Psicologia do Hospital Vera Cruz tem como foco principal o atendimento psicológico direcionado aos pacientes e seus familiares, e é realizado de forma multidisciplinar – equipes médica, enfermagem, nutrição, serviço social, e fisioterapia motora e respiratória. Neste serviço há uma atenção especial à depressão, pois é evidente que seus sintomas podem ser agravados em uma internação hospitalar, ou ainda, podem ser iniciados dependendo da doença orgânica e do seu tratamento. Tanto o paciente pode desenvolver a doença, quanto seus familiares, principalmente em familiares de bebês, crianças, adultos com doenças crônicas ou em cuidados paliativos e nos casos de tratamentos mais invasivos. Dentre os sintomas mais comuns estão a tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, distúrbios do sono ou do apetite, bem como a sensação de cansaço e falta de concentração. Pode-se imaginar o que é sentir estes sintomas tão aflitivos junto a um diagnóstico de doença grave, do próprio paciente ou do ente querido. O atendimento psicológico prioriza o cuidado ético, acolhedor e afetivo. Visa o fortalecimento de recursos psíquicos com o objetivo de amparar o sofrimento, bem como os sentimentos de solidão, desamparo e angústia. Talvez seja possível pensar o cuidado oferecido pelo psicólogo como uma forte parceria, onde junto ao paciente trava-se uma intensa batalha, afim de tornar viável o enfrentamento e a elaboração deste estado, e a conquista do sentimento de esperança. A depressão tem prevenção e tratamento. Equipe de Psicologia – Hospital Vera Cruz Gabriel Banzato Gisele A. do P. Bazi Marina C. Verri

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