Dia da(o) Ginecologista: uma das especialidades mais importantes da Medicina - Blog - Hospital Vera Cruz

30/10/2022

Dia da(o) Ginecologista: uma das especialidades mais importantes da Medicina

Você sabia que o primeiro ginecologista trabalhou há mais de 4 mil anos? Descubra um breve histórico da profissão e conheça o panorama no Brasil moderno.

 

Comemora-se em 30 de outubro o Dia da(o) Ginecologista, uma das áreas de especialização médica mais relevantes e impactantes para a saúde pública. A data foi escolhida por ser o dia da fundação da Febrasgo, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, e é comemorada há mais de 60 anos.

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A ginecologia possui uma altíssima relevância no Brasil. De acordo com o relatório ‘Demografia Médica no Brasil’ de 2020 [1], produzido pelo Conselho Federal de Medicina e a Faculdade de Medicina da USP, no Brasil há 500 mil médicos, e cerca de 7% deles são especialistas em Ginecologia e Obstetrícia. A área de especialização é a 4ª com mais profissionais, atrás apenas de Clínica Médica, Pediatria e Cirurgia Geral.

O Brasil é um dos países com maior porcentagem de médicos especialistas em Ginecologia e Obstetrícia no mundo. Apenas Estônia e México possuem porcentagens maiores desses especialistas dentre seus profissionais de saúde. O Brasil está à frente, inclusive, de países como Reino Unido, Estados Unidos, Israel e Alemanha.

O termo ‘ginecologia’ refere-se ao conhecimento sobre o aparelho reprodutivo feminino, sua saúde e as doenças e ele relacionadas. Está próximo à ‘obstetrícia‘, que é a especialidade mais focada no parto e nas atividades relacionadas a este evento.

 

No Egito Antigo já havia ginecologista?

O ‘documento médico’ mais antigo que se conhece vem do Egito, tem mais de 4 mil anos, e é justamente sobre…ginecologia!

O chamado ‘Papiro Ginecológico de Kahun[2] é datado de 1800 a.C. e foi traduzido em 1806. Trata-se de um documento de 03 páginas, de 33cm de largura e 1m de comprimento, dividido em 34 seções, cada uma delas descrevendo um problema específico da saúde feminina, propondo diagnóstico e tratamentos para eles.

O texto parece indicar que, à época, ‘enfermidades uterinas’ eram vistas com seriedade, já que poderiam ser a causa de outros problemas de saúde, que se manifestavam em pontos diferentes do corpo.

Fragmentos do Papiro Ginecologico de Kahun do Egito Antigo

Fragmentos do ‘Papiro de Kahun’, um dos indícios mais antigos da ginecologia

Nenhum dos tratamentos propostos é cirúrgico; todos envolvem a aplicação ou ingestão de ‘medicamentos’, normalmente misturas de plantas e ervas populares na cultura egípcia. Por exemplo, um dos tratamentos propostos no papiro é “fumegar a paciente com incenso e óleo fresco, fumegar seu útero com isso, e fumegar seus olhos com gordura da perna de ganso” a fim de aliviar sintomas. O papiro ainda traz dicas para determinar a ‘fertilidade’ de uma mulher pelo hálito e até mesmo como descobrir uma gravidez ou o sexo do bebê utilizando plantas.

Apesar das técnicas obviamente ancestrais e nada científicas, é interessante notar que desde muito cedo o interesse no cuidado e na compreensão do que se passava especificamente com a saúde feminina estava presente dentre os curandeiros da época.

Os antigos egípcios não foram os únicos a estudar a saúde feminina – há relatos de ‘tratamentos médicos’ específicos para as mulheres nas culturas ameríndias, por exemplo. Todavia, a história indica que métodos rudimentares perduraram por muitos séculos, até períodos relativamente recentes. Ainda havia muitas questões de tabu, gênero e sociais envolvidas no acompanhamento da saúde da mulher.

 

A ginecologia mudou radicalmente em tempos recentes

Felizmente, o cenário começou a mudar no século XIX, em que diversas revoluções médicas ocorreram. A descobertas de métodos antissépticos e anestésicos permitiu que tratamentos de doenças dos órgãos internos pudessem ser realizados com mais segurança e menos sofrimento para os pacientes, o que teve um papel decisivo na evolução dos estudos sobre a saúde feminina.

Os Estados Unidos – e, em especial, a Universidade da Pensilvânia – são considerados o ‘berço’ da ginecologia, já que diversos procedimentos pioneiros foram realizados ali. Por exemplo, em 1809, o médico Ephraim MacDowell realizou a primeira extração de ovários; em 1849, J. Marion Sims inaugurou a cirurgia de fístula vesicovaginal, um procedimento importantíssimo e que é muito realizado até os dias atuais.

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O século XX viu uma evolução rápida no conhecimento sobre ginecologia e obstetrícia. Em 1940, o médico Geórgios Papanicolau inventou o famoso exame que leva até hoje seu sobrenome, importantíssimo para a prevenção do câncer de colo de útero (um dos tumores mais frequentes e perigosos em mulheres). Menos de 40 anos depois, nascia a primeira ‘bebê de proveta’ da história, a britânica Louise Brown – isto é, ela foi a primeira bebê resultante de procedimento de fertilização in vitro, técnica que permite contornar problemas de fertilidade e revolucionou as possibilidades de gestação.

Atualmente, a saúde feminina é uma das áreas mais estudadas e relevantes para a Medicina – afinal, há muito o que se aprender ainda. Nas últimas décadas, houve um esforço de inclusão de mulheres em estudos e testes clínicos – até poucas décadas atrás, era normal excluir mulheres de testes com medicamentos e vacinas, por exemplo, por medo de potenciais efeitos na fertilidade ou na gravidez [3]. A intenção era boa, porém trouxe falhas sobre o conhecimento da saúde feminina. Felizmente, isso tem mudado rapidamente. Os principais hospitais e centros de pesquisa do mundo, assim como as maiores Universidades, possuem departamentos especializados no tema, com profissionais que trabalham não apenas para garantir a saúde das pacientes, como também estudar os problemas mais frequentes e buscar soluções que aumentem a qualidade de vida.

 

Ginecologistas no Brasil de hoje

O impacto direto e indireto da ginecologia na saúde pública brasileira é imenso.

Diversas pesquisas indicam que a grande maioria das mulheres dá enorme valor para a ginecologia e a obstetrícia. Ainda assim, existe um número alto de mulheres que ainda não procuram estes serviços médicos com a devida frequência.

Pesquisa realizada em 2019 pela Febrasgo, em parceria com o Datafolha, mostrou um quadro preocupante no país. Apesar da quantidade alta de especialistas em ginecologia, ao menos 5,6 milhões de brasileiras não costumam ir ao ginecologista-obstetra, 4 milhões nunca procuraram atendimento com esse profissional e outras 16,2 milhões não passam por consulta há mais de um ano [4].

“68% das mulheres acreditam que a ginecologia é a especialidade médica mais importante para a saúde da mulher”

Isso é relevante porque, para boa parte das mulheres, a ginecologista é a principal (e, muitas vezes, única) referência médica, a profissional que é mais constantemente buscada. Na pesquisa, 68% das mulheres disseram que a ginecologia é a especialidade médica mais importante para a saúde da mulher.

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Em entrevista à Agência Brasil [4], o presidente da Febrasgo, César Eduardo Fernandes, explica:

“Sete em cada dez mulheres têm o ginecologista como seu médico de atenção para cuidar da especialidade e para cuidar da saúde de um modo geral. Não é diferente em outros países. É como se a ginecologia fosse a porta de entrada da mulher para a assistência básica de saúde. É muito comum a mulher que tem problemas que não são propriamente ginecológicos marcar consulta com o ginecologista e ele encaminhar para outro especialista”.

 

Neste dia da Ginecologista, celebramos uma das atividades médicas de maior impacto físico e emocional para a população. O ginecologista é o médico de confiança, a porta de entrada para o sistema de saúde, a pessoa que poderá direcionar uma série de cuidados para garantir que a mulher possa viver de maneira mais saudável e completa. Para todas as mulheres, a dica é aproveitar o conhecimento médico cada vez mais avançado sobre a saúde feminina e manter as consultas periódicas.

 

Para saber mais:

  1. https://www.fm.usp.br/fmusp/conteudo/DemografiaMedica2020_9DEZ.pdf
  2. https://hekint.org/2017/01/27/the-el-lahun-gynecological-papyrus/
  3. https://www.fda.gov/science-research/womens-health-research/gender-studies-product-development-historical-overview
  4. https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-02/pesquisa-56-milhoes-de-brasileiras-nao-vao-ao-ginecologista
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