O que é o Linfoma de Hodgkin, câncer que afeta a jovem Isabel Veloso? - Blog - Hospital Vera Cruz

30/04/2024

O que é o Linfoma de Hodgkin, câncer que afeta a jovem Isabel Veloso?

Influenciadora com mais de 2 milhões de seguidores revelou recentemente que “o câncer venceu” e que está sob cuidados paliativos. Todavia, atualmente, chances de cura do linfoma de Hodgkin estão na casa dos 90%. Conheça mais sobre a doença.

HVC - Blog - Capa - Linfoma de Hodgkin

 

Uma das notícias mais tristes este mês foi a de que a jovem Isabel Veloso, de apenas 17 anos, está em estágio terminal de um linfoma de Hodgkin. Diagnosticada aos quinze anos, a jovem iniciou, na época, tratamentos contra o câncer e compartilhou sua rotina na internet, somando milhões de seguidores nas redes sociais. Em novembro passado, declarou que havia superado a doença, após um transplante de medula óssea. Este ano, porém, o câncer voltou – agora de forma definitiva.

Segundo os boletins médicos, Isabel não responde mais aos tratamentos quimioterápicos e já está em ‘cuidados paliativos exclusivos’, que incluem fortes doses do opioides. Ou seja, o câncer atingiu um estágio em que nenhum tratamento é efetivo. A expectativa de vida, nessas situações, é de no máximo 06 meses.

Mesmo assim, Isabel continua compartilhando uma rotina de vida, fé e esperança. Na última semana, casou-se com o namorado Lucas Borbas. E mantém uma visão positiva de sua situação, apesar do prognóstico.

O caso de Isabel destaca-se como uma situação incomum. Estima-se que a taxa de cura da doença, quando diagnosticada cedo, beira os 90%. Vamos conhecer um pouco mais sobre este tipo de linfoma, quais são os sintomas e tratamentos, assim como os números da doença aqui no Brasil.

 

O Que é o Linfoma de Hodgkin?

O linfoma de Hodgkin – antigamente chamado de doença de Hodgkin – é um tipo de câncer que afeta o sistema linfático. O sistema linfático é um conjunto de células e estruturas do corpo que ajudam a combater invasores. Trata-se uma parte fundamental do sistema imune.

Nesse tipo de câncer, células chamadas de linfócitos começam a se multiplicar descontroladamente. Elas utilizam os diversos vasos que compõe o sistema linfático para se espalhar pelo corpo, atingindo novos gânglios e ampliando a alcance da doença. Com isso, surgem sintomas como:

 

  • Gânglios linfáticos aumentados, palpáveis: o corpo possui diversos linfonodos (outro nome para os ‘gânglios linfáticos’) ao longo do corpo. Eles são como ‘centrais de filtragem’ do organismo, reservando linfócitos que ficam prontos para atacar e eliminar qualquer microrganismo que passar por eles. Quando há infecções no corpo, é muito comum os linfonodos incharem, o que demonstra maior ‘atividade’. Linfonodos no pescoço, axilas e na virilha costumam estar mais proeminente em doenças como o linfoma – eles são percebidos como ‘bolinhas’ sob a pele, que aumentam de tamanho com o tempo.
  • Febre e sudorese noturna
  • Cansaço persistente
  • Perda de peso, de forma acentuada (é comum uma pessoa perder 10% do peso em seis meses quando está com a doença, isso sem seguir nenhuma dieta ou se alimentar de forma diferente)
  • Coceiras ou ardência na pele
  • Dor nos linfonodos após o consumo de álcool

HVC - Blog - Linfoma de Hodgkin - Sinais e Sintomas

 

Quais são as Causas do Linfoma de Hodgkin?

As causas da doença ainda são desconhecidas. O que se sabe é que o câncer se inicia quando ocorrem modificações no DNA dos linfócitos, células importantíssimas para a defesa do corpo. Quando esses erros genéticos acontecem, as células passam a se multiplicar de forma descontrolada.

Além disso, elas sobrevivem por muito mais tempo – em alguns casos, tornando-se até mesmo ‘imortais’. Todas as nossas células vivem por um período determinado, depois ‘morrem’ e são ‘substituídas’ por células novas; no caso do linfoma, os linfócitos perdem essa capacidade de ‘morrer’. Somando essa permanência com a multiplicação exagerada, é fácil entender como o problema pode rapidamente se expandir.

Estas células defeituosas são também capazes de recrutar outras células do sistema imune para protegê-las e auxiliá-las a se multiplicar ainda mais, o que acaba resultando nos sintomas vistos acima.

 

Fatores de Risco para a Doença

Este tipo de linfoma é mais comum em jovens, especialmente entre os 20 e 30 anos (podendo ser diagnosticado bem mais cedo, perto dos 15 anos, como foi o caso da Isabel, assim como em pessoas mais velhas, acima dos 60 anos). Algumas pesquisas indicam uma leve prevalência entre homens. Ter histórico familiar da doença também aumenta os riscos de desenvolver o câncer.

Além disso, fatores que reduzem a resistência do sistema imune também são relacionados a riscos maiores da doença. Infecções pelo vírus Epstein-Barr e HIV são correlacionados a maiores chances do linfoma no futuro. O mesmo ocorre em pacientes que utilizam medicamentos imunossupressores.

Acima de tudo, vale lembrar que o linfoma de Hodgkin é um câncer considerado raro. Dados de saúde tanto aqui do Brasil quanto dos Estados Unidos indicam uma incidência de menos de 03 casos a cada 100 mil pessoas. No país, são cerca de 2.500 diagnósticos anuais.

 

Como é Feito o Tratamento

A notícia que inicia esta matéria é triste, já que revela um câncer terminal, mas é importante reforçar a mensagem: hoje em dia, a maioria dos pacientes com linfoma de Hodgkin poderá ser curada com os tratamentos disponíveis.

Segundo o INCA, a incidência de casos se manteve estável no Brasil nos últimos 50 anos, porém a mortalidade caiu em mais de 60% desde o início dos anos 1970. Atualmente, estima-se que, se descoberto cedo, as chances de cura estão na casa dos 90%.

Um caso feliz de cura de linfoma de Hodgkin foi o do comentarista esportivo e ex-jogador de futebol Caio Ribeiro, que compartilhou sua luta contra o câncer em 2021.

O tratamento é realizado, na maior parte dos casos, via quimioterapia intravenosa. A depender da severidade da doença, pode-se optar por realizar, junto à quimio, também a radioterapia. Em casos avançados, esses tratamentos podem durar até seis meses.

Em situações em que o tratamento não funciona, ou o câncer retorna após um período de remissão, pode-se optar por utilizar imunobiológicos ou realizar um transplante de medula, como foi o caso da Isabel. Mesmo nesses casos mais difíceis, as chances de cura beiram os 50%.

O linfoma é um dos tipos de câncer que podem retornar; por isso, um paciente apenas é considerado ‘curado’ se permanecer cinco anos em remissão completa.

 

O linfoma de Hodgkin pode ser combatido!

O sistema linfático percorre todo o nosso corpo, ajudando-o a combater infecções e a fortalecer as proteções naturais contra microrganismos. Quando ocorre algum problema nesse intrincado sistema, consequências graves podem resultar. O linfoma de Hodgkin, infelizmente, afeta algumas das principais células do nosso mecanismo de defesa, com impacto severo para a saúde. Todavia, a boa notícia é que ele pode ser combatido, com grandes chances de sucesso. O mais importante é que seja diagnosticado cedo, para que os tratamentos sejam iniciados o quanto antes e evitem a proliferação exagerada dos linfócitos doentes.

Outro ponto de forte impacto deste tipo de câncer é que costuma afetar pessoas muito jovens, ainda cheias de vida. Mesmo nesses casos, não devemos desanimar: o importante é focar no tratamento, no equilíbrio emocional e em uma atitude positiva diante da vida. E isso a jovem Isabel, mesmo em sua situação, nos ensina a cada dia.

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25 de março

Março Azul-Marinho

“Março Azul-Marinho” é o nome da campanha que tem o objetivo de promover a prevenção e o combate ao câncer do intestino grosso ou, como é mais conhecido, c0âncer de cólon e reto (o reto é a porção final do intestino grosso). A importância dessa campanha se justifica por diferentes fatores. Em primeiro lugar, pelos números associados à doença. Dados da Associação Internacional para Pesquisa em Câncer (www.iarc.who.int) mostram que o tumor colorretal é o quarto câncer mais comum no mundo, com mais de um milhão de casos novos diagnosticados anualmente. Ainda pelos dados da IARC, no cenário mundial, este tipo de câncer aparece como a terceira maior causa de morte por tumores (aproximadamente meio milhão de óbitos por ano), atrás dos cânceres de pulmão e mama. No Brasil, as estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (www.inca.gov.br) mostram que, em 2019, o câncer colorretal provocou a morte de 20.576 pessoas (10.191 homens e 10.385 mulheres). A estimativa do INCA para 2020 foi de cerca de 41 mil casos novos de câncer do intestino grosso. Informar-se corretamente, um dos objetivos da campanha Março Azul-Marinho, nos dá meios para diminuirmos o risco de desenvolvermos o câncer colorretal ou diagnosticá-lo o mais cedo possível. É importante saber, por exemplo, que a probabilidade aumenta com a idade. Este tipo de tumor é infrequente entre os jovens e muito mais comum a partir dos 50 anos. Por isso, recomenda-se que, quem chegou a esta idade, mesmo que não apresente queixas relacionadas ao hábito intestinal (indivíduo assintomático), converse com um médico ou busque informações nos serviços de saúde, para conhecer as alternativas e disponibilidade dos chamados exames de rastreamento, como pesquisa de sangue oculto nas fezes, retossigmoidoscopia e colonoscopia. Para quem tem parentes próximos com diagnóstico confirmado de câncer colorretal, para aqueles que têm doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa ou doença de Crohn, e indivíduos com certas doenças hereditárias, como a polipose familiar, a orientação sobre exames de rastreamento deve ser individualizada e realizada antes dos 50 anos. Em alguns casos, é recomendada a avaliação por especialista em Oncogenética. Também é importante salientar que determinados hábitos e escolhas podem aumentar nosso risco de desenvolver câncer colorretal. Estudos e pesquisas internacionais demonstraram que o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, a alimentação com poucas fibras (frutas e vegetais) e excesso de carnes vermelhas e processadas (salsicha, mortadela, linguiça etc.), estão associados ao desenvolvimento da doença. Além disso, deve-se evitar o sedentarismo e o excesso de gordura corporal. Conhecer os sinais e sintomas mais frequentemente associados ao câncer colorretal também é relevante. Deve-se buscar avaliação médica, sem demora, no caso de se observar a presença persistente de sangue nas fezes; se as fezes passarem a ter formato fino ou achatado (em forma de fita); se acontecer mudança inexplicável no hábito intestinal, especialmente se forem períodos de diarreia intercalados com períodos em que o intestino para de funcionar; se surgir dor ou desconforto abdominal recorrentes; se detectada tumoração abdominal, anemia, fraqueza e/ou perda contínua de peso sem motivo. Quando um ou mais desses sinais e sintomas estão presentes e a pessoa passa por avaliação médica adequada, aumentam as chances de que, se for mesmo um tumor do intestino, seja descoberto e tratado em estágio inicial. Nessas circunstâncias, as chances de cura superam 90%. Por outro lado, apesar de muitos avanços terapêuticos e das constantes pesquisas, o câncer colorretal diagnosticado em estágios avançados ainda exige tratamentos complexos e de alto custo, resultando em prognóstico limitado, com alto risco de toxicidades graves e sequelas indesejáveis. Isso é o que o engajamento na campanha “Março Azul-Marinho” procura evitar. *Dr. Paulo Eduardo Pizão (CRM 58.041) é coordenador do Vera Cruz Oncologia.

03 de fevereiro

TUMOR BOARD: um passo para o tratamento oncológico personalizado

Uma prática essencial na medicina moderna é o compartilhamento de informações entre os profissionais especialistas. O “Tumor Board” surgiu nesse contexto, tendo em vista a capacidade multidisciplinar de uma instituição com grande quantidade de profissionais voltados para o tratamento oncológico e o surgimento de encontros ou reuniões esporádicas com o objetivo de gerar debates sobre diversos casos. Independentemente da experiência de cada médico, ter uma diversidade de especialistas em um ambiente profissional capazes de opinar sobre o assunto pode gerar enormes benefícios para uma instituição de saúde e, em especial, para o paciente. Ao trabalhar em conjunto, a equipe pode avaliar todas as opções para aperfeiçoar a precisão no diagnóstico e a eficácia do tratamento oncológico. Isso pode representar mais rapidez na condução do tratamento, impacto no custo-efetividade e assertividade na tomada de decisão. Atualmente, é possível implementar essa linha de raciocínio coletivo utilizando as plataformas virtuais, que permitem inclusive a participação remota de profissionais de instituições internacionais e grandes centros oncológicos mundiais. Afinal, quem participa desses encontros? Diversas especialidades médicas podem compor esses participantes como Oncologia Clinica, Cirurgia Oncológica, Patologia, Radiologia Clinica, Radiologia Intervencionista, Medicina Nuclear, Radioterapia, Especialidades Cirúrgicas, Oncocardiologia e outros profissionais de saúde envolvidos no cuidado do paciente oncológico (enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais). “Tumor Board” é uma estratégia inovadora que pode garantir a implantação de práticas de medicina de precisão nos serviços de saúde. A medicina de precisão é uma prática diferente dos moldes tradicionais de atendimento, que visa um tratamento individualizado que considera fatores genéticos, biológicos e influência dos meios externos, tornando a decisão terapêutica mais humanizada e completa. Ao tratar cada paciente como um ser individualizado, e não apenas parte de um sistema, a equipe deixa de considerar o diagnóstico como peça central do direcionamento do tratamento e o entende como mais um pedaço do quebra-cabeça que precisa ser montado para alcançar o bem-estar do paciente. Dra. Camila Nassif Ferreira Brito Médica oncologista do grupo de Oncologia do Vera Cruz Hospital

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