Vacinas contra a Dengue: esperanças em meio à maior epidemia da história - Blog - Hospital Vera Cruz

06/05/2024

Vacinas contra a Dengue: esperanças em meio à maior epidemia da história

Conheça quais são as vacinas contra a dengue, as diferenças entre elas e o que podemos esperar quando o assunto é imunização.

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No final de março, compartilhamos aqui no Blog do Hospital Vera Cruz um guia abrangente sobre a dengue. Na época, mencionamos que 2024 já era ‘o ano da dengue’, com número recorde de casos (cerca de 02 milhões) e de mortes (ao menos 630) pela doença. Um mês depois, as estatísticas impressionam mais uma vez: o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde apontou, no dia 25 de abril, quase 04 milhões de casos da doença e mais de 1.700 óbitos.

Tem dúvidas sobre a dengue?

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A dengue, como se vê, é uma doença perigosa e que ainda está se alastrando. Esta semana, todos os bairros da cidade de São Paulo foram classificados como “em epidemia” da doença. Foram mais de 240 mil casos confirmados no município em 2024. Em Campinas, a epidemia da dengue em 2024 já é considerada a maior da história da cidade, com mais de 65 mil casos confirmados.

Apesar dos números altíssimos, projeções do próprio Ministério da Saúde apontam uma tendência estatística de redução no aumento de casos – em outras palavras, a aceleração da epidemia parece estar diminuindo. E o número de novos casos deve cair significativamente nos próximos meses, já que estamos nos aproximando do inverno, período menos propício às picadas do pernilongo. A tendência a médio prazo, portanto, é a situação melhorar.

Todavia, para que realmente possamos respirar aliviados e não precisemos nos preocupar com a dengue no futuro próximo, será necessária uma nova linha de ataque (ou de defesa) contra a doença. A vacinação parece ser a nossa arma mais promissora.

Modelos matemáticos do Ministério da Saúde apontam que a epidemia de dengue de 2025 deve se iniciar mais cedo, já em novembro deste ano.

 

Vacinas contra a dengue: o que são e como funcionam?

Com números tão alarmantes em todo o país, uma das maiores (e, em muitos casos, únicas) esperanças no controle da doença é a vacinação.

Este ano, o Brasil se tornou o 1º país no mundo a oferecer, na rede pública de saúde, a vacina contra a dengue. Essa mesma vacina já estava disponível na rede privada desde o ano passado. O imunizante protege contra os 04 sorotipos da doença (entenda o que são), tem eficiência comprovada para pessoas de 04 a 60 anos e é aplicado em 02 doses, com 03 meses de intervalo entre elas.

No SUS, a faixa etária com prioridade para receber a vacina no momento é a de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Para as demais faixas etárias, a indicação é procurar a vacina na rede privada, na qual ela está facilmente disponível.

Até o momento, 1330 municípios – justamente aqueles mais afetados pela doença – receberam doses da vacina. Ao menos 810 mil doses foram aplicadas.

Conheça, a seguir, quais são as vacinas contra a dengue e quais os prós e contras de cada uma.

 

Dengvaxia

Até 2023, a única vacina contra dengue que existia era peculiarmente ‘problemática’ – já vamos explicar o porquê!

O nome comercial dessa vacina é Dengvaxia. Ela foi lançada oficialmente em 2015 e é a primeira no mundo a obter registro de uso contra a doença.

A Dengvaxia protege contra os 04 sorotipos. Todavia, só pode ser utilizada em pessoas de 09 a 45 anos, exige três aplicações (o esquema vacinal completo leva quase um ano, o que desestimula sua continuidade) e só é indicada para quem já foi infectado pela doença (em pessoas que nunca tiveram contato com o vírus da dengue, essa vacina aumenta os riscos de desenvolver formas graves da doença). Além disso, a eficiência na proteção contra a dengue é de cerca de 60% (como veremos, as outras vacinas apresentam números melhores).

Essa vacina nunca chegou a ser aprovada para uso no sistema público de saúde no Brasil, e era apenas encontrada na rede privada.

A Dengvaxia só pode ser usada por quem já pegou dengue. Essa vacina nunca foi aplicada na rede pública aqui no Brasil.

 

Qdenga

A vacina atualmente em uso no SUS é a Qdenga (TAK-003), aprovada para uso na Europa em 2022 e, um ano depois, liberada pela ANVISA.

Já mencionamos, acima, o público-alvo e o esquema vacinal. Vale notar que a eficiência média da Qdenga é de cerca de 80%. Ademais, estudos apontam que a vacina é capaz de prevenir 84% dos casos de hospitalização pela doença.

Ainda faltam estudos conclusivos sobre a eficiência e segurança de uso por gestantes e lactantes, assim como por pessoas acima dos 60 anos, por isso ela ainda não é indicada nesses casos. E, por se tratar de uma vacina fabricada a partir de vírus atenuados, ela é contraindicada para pessoas imunossuprimidas ou com imunodeficiências.

PEGUEI DENGUE ESTE ANO…POSSO/DEVO TOMAR A VACINA?

É importante lembrar que existem 04 ‘tipos’ de dengue (os sorotipos). Quando se ‘pega dengue’, o corpo combate apenas 01 desses sorotipos. Vencida a batalha, a pessoa ganha imunidade contra esse sorotipo específico – mas não contra os outros 03. Como as vacinas protegem contra todos os 04 sorotipos, vale a pena, sim, se vacinar, mesmo que já tenha pegado dengue antes.

Para quem teve diagnóstico recente confirmado de dengue, a indicação é aguardar seis meses antes de tomar a vacina. Caso receba o diagnóstico entre a primeira e a segunda dose, mantenha o esquema vacinal normalmente.

 

Butantan-Dengue (Butantan-DV)

Aqui no Brasil, o Instituto Butantan está nos estágios finais de desenvolvimento de uma vacina própria contra a dengue, fruto de mais de uma década de pesquisas – a chamada Butantan-DV.

Estudo publicado no início do ano no The New England Journal of Medicine mostrou eficácia geral de 79,6% na prevenção da doença, ou seja, muito similar à da Qdenga.

Quando estiver finalizada (estima-se que em setembro desse ano), a vacina será capaz de proteger contra os 04 sorotipos da doença e será aplicada em dose única, um benefício importante e diferencial com relação à Qdenga.

Espera-se que a nova vacina esteja pronta e aprovada para uso já em 2025.

Tanto a Qdenga quanto a Butantan-DV podem ser usadas tanto por pessoas que já pegaram dengue quanto por aquelas que nunca tiveram contato com o vírus.

 

Além das vacinas        

Felizmente, o cenário da luta contra a dengue é positivo, graças à tecnologia. Diversas estratégias estão sendo testadas no momento a fim de combater o mosquito transmissor (inclusive utilizando organismos com modificações genéticas), mas a mais promissora delas, certamente, é a boa e velha vacinação. Já temos, no momento, ao menos 01 vacina extremamente eficiente contra a doença, e novas versões devem chegar em breve aos centros de saúde – incluindo a brasileiríssima Butantan-DV.

Com isso, a expectativa é de que um número maior de pessoas, de faixas etárias mais diversas, poderá se proteger contra os 04 sorotipos da dengue, ajudando a estancar uma doença que a cada ano provoca mais danos no país. Está na hora de reverter essa tendência.

HVC - Blog - Vacinas contra a dengue - Repelentes

Além das inovações tecnológicas, vale a pena reforçar que a luta contra a dengue é uma iniciativa de toda a sociedade. Algumas orientações importantes devem sempre ser seguidas:

  • Ajude a eliminar criadouros, mantendo caixas d´água bem fechadas, colocando areia em vasos, limpando as calhas, mantendo pneus em locais coberto e terrenos limpos, livres de lixo e entulho.
  • Quando sair para regiões em que pode haver pernilongo, vista roupas apropriadas, cobrindo braços e pernas, e utilize repelentes à base de DEET, IR3535 ou icaridina (eles podem ser utilizados tanto sobre a pele quanto sobre as roupas).
  • Fique de olho nos sinais e sintomas da doença. Caso você ou uma pessoa próxima tenha sintomas como febre alta e repentina, dores de cabeça e atrás dos olhos e dores nos músculos e articulações, procure orientação médica. Lembre-se: a dengue é uma doença perigosa! É preciso estar alerta.

 

Para saber mais:

 

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