Medicina fetal: quando o cuidado começa muito antes do nascimento - Blog - Hospital Vera Cruz

24/01/2023

Medicina fetal: quando o cuidado começa muito antes do nascimento

Para proteger a saúde de mães e filhos, técnicas diagnósticas modernas e tratamentos inovadores são utilizados na Medicina Fetal. Conheça um pouco do que nosso Serviço de Medicina Fetal pode oferecer.

 

Um dos momentos mais impactantes e inesquecíveis da vida é o nascimento de um filho. Todas as atribulações de meses e meses de gestação são relevadas, as preocupações que tiraram noites de sono são esquecidas, substituídas pelo carinho e amor que surgem ao segurar em seus braços o bebê.

Até pouco tempo atrás, o nascimento era também um momento de ‘descobertas’, quando se podia, pela primeira vez, avaliar por completo a saúde da criança – exames de ultrassom, por exemplo, se popularizaram somente a partir dos anos 1970. Hoje em dia, porém, o cuidado com a saúde do bebê começa muito antes, ainda no útero.

 

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Esse cuidado é o foco da Medicina Fetal, uma das mais belas áreas da Medicina. Ela tem como missão evitar diversos problemas que podem ocorrer ao longo da gravidez, seja com o feto, seja com a mãe. Isso é importantíssimo, uma vez que existem condições que podem levar ao parto prematuro, deixar sequelas no bebê e até mesmo causar a morte da criança. Por isso, atualmente, tecnologia e conhecimento médico atuam em conjunto para identificar problemas o quanto antes e fornecer soluções a eles, buscando um desenvolvimento mais saudável e completo para a criança.

 

Medicina fetal na prática: um exemplo emocionante

Recentemente, as inovações e tecnologias relacionadas à Medicina Fetal trouxeram à público uma história emocionante [1] e que reforça a enorme importância dos exames pré-natais.

Hospital Vera Cruz - Capa - O que e a Medicina Fetal

Na 22ª semana de gestação, os pais do pequeno Murilo descobriram que ele tinha uma malformação – a hérnia diafragmática congênita. Isso significa que, durante o desenvolvimento, o diafragma do Murilo não se ‘fechou’ completamente. O diafragma é um músculo que separa a cavidade torácica (onde ficam os pulmões) da cavidade abdominal (em que se encontram órgãos como o estômago e o intestino). Quando o diafragma não se fecha por completo, forma-se um orifício, através do qual os órgãos que deveriam ficar na cavidade abdominal podem se deslocar para a cavidade torácica. Isso diminui o espaço para o desenvolvimento dos pulmões, que ficam ‘apertados’ em meios aos demais órgãos e não crescem de forma adequada.

Enquanto o bebê está no útero materno, isso não traz problemas – afinal, o pulmão não é utilizado nesta etapa da vida. Porém, assim que o bebê nasce e precisa dos pulmões, os impactos da hérnia diafragmática são percebidos. Quanto menores e menos desenvolvidos estiverem os pulmões, menores as chances de sobrevida do bebê.

Blog Hospital Vera Cruz - Medicina Fetal - hernia diafragmatica congenita

Existem diversos graus de severidade do problema, perceptíveis por meio de exames pré-natais como o ultrassom. Nos casos menos severos, a gravidez é acompanhada de perto e, pouco após o parto, é realizada uma cirurgia em que esse orifício no diafragma é fechado e os órgão abdominais são retornados ao local correto. Porém, nos casos mais graves – em que o desenvolvimento dos pulmões está muito comprometido -, uma cirurgia intrauterina é a melhor chance de garantir sobrevida e qualidade de vida para o bebê.

Esse foi o caso do Murilo, que passou por duas cirurgias intrauterinas, realizadas pelo Dr. Renato Ximenes, médico especializado em Medicina Fetal e coordenador da especialidade no Vera Cruz Hospital. A primeira ocorreu durante a 28ª semana de gestação. Nela, um pequeno balão foi inserido na traqueia do feto. Esse balão permaneceu ali até a 34ª semana, quando uma segunda cirurgia retirou-o. O procedimento é conhecido como “cirurgia de oclusão e desoclusão traqueal“. A estratégia é a seguinte: o balão faz com que o líquido produzido pelos pulmões permaneça ali na região, servindo como um tipo de ‘contraponto’ à pressão exercida pelos órgãos que ‘subiram’ pelo orifício no diafragma. Isso dá um ‘fôlego’ para que os pulmões se desenvolvam melhor, ampliando os prognósticos de um nascimento sadio.

“Pensei várias vezes em desistir. Mas, vendo que tinha possibilidade de salvar a vida [do Murilo]…a gente lutou e correu atrás para que fosse feito o procedimento”, explica Eliane, a mãe do pequeno herói. “[Hoje], é só olhar na carinha do meu bebê que eu vejo o quanto tudo foi importante. Eu me emociono todos os dias com ele. Ele é uma bênção na minha vida, ele é tudo para mim”, conta emocionada.

Ambas as cirurgias foram um sucesso e o pequeno Murilo nasceu saudável. A experiência, no início preocupante para os pais, foi se tornando mais tranquila e administrável por meio das várias conversas com a equipe médica, que passaram confiança e explicaram todos os detalhes das cirurgias intrauterinas, das tecnologias que seriam empregadas e dos novos cuidados que a Medicina Fetal proporciona.

 

O que é a Medicina Fetal?

O caso do Murilo é um exemplo da Medicina Fetal em ação.

A Medicina Fetal foca na identificação, prevenção e no tratamento de condições que possam oferecer riscos à gestação, seja para a mãe, seja para o feto, ou que possam resultar em problemas no futuro. Para tanto, utiliza exames diagnósticos e preventivos, assim como o uso de medicamentos e até mesmo de procedimentos cirúrgicos.

Em especial, a Medicina Fetal é uma área de alta relevância quando a gravidez é considerada de risco. Isso normalmente ocorre como nos casos abaixo [2]:

  • a mãe possui alguma doença crônica prévia à gestação, como diabetes, doenças renais ou epilepsia;
  • mães que tiveram uma gravidez anterior de alto risco;
  • mães que identificam, ao longo dos nove meses, uma doença ou sintoma que pode oferecer algum perigo para ela ou para o bebê.

Blog Hospital Vera Cruz - Medicina Fetal - carinho mae filha medico

A Medicina Fetal começa logo no início da gestação, com a orientação das mães sobre como ter uma gravidez mais saudável e com menor risco. Ao longo dos meses, mães e filhos são acompanhados de pertinho para rastrear, diagnosticar e tratar quaisquer problemas que possam surgir. Um dos grandes aliados nesse processo é o ultrassom. A técnica tem evoluído muito nas últimas décadas, permitindo, hoje, que médicos identifiquem problemas que antes eram visíveis somente após a criança vir ao mundo.

 

Medicina Fetal e malformações congênitas

Uma das principais atuações da Medicina Fetal é na identificação, diagnóstico e no tratamento de anomalias congênitas. Estas são condições que podem afetar diversos órgãos e sistemas do corpo e que são causadas por fatores genéticos, infecciosos, nutricionais e/ou ambientais (podem ser, também, resultado da combinação desses fatores).

No Brasil, estima-se que, a cada ano, cerca de 24 mil bebês tenham alguma anomalia congênita diagnosticada ao nascimento, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) [3]. Mas o número pode ser até 05 vezes maior, dado que subnotificações são muito comuns em diversas regiões do país.

No mundo, as anomalias congênitas são a 5ª principal causa mortis em crianças com menos de 5 anos de idade. A Organização Mundial da Saúde estima que 6% dos bebês em todo o mundo nascem com uma anomalia congênita, resultando na morte de 240.000 recém-nascidos por ano [4].

 

Exemplos de malformações congênitas e que podem ser diagnosticadas e/ou tratadas ainda durante a gestação são:

  • mielomeningocele (“espinha bífida”)
  • transfusão feto-fetal
  • hérnia diafragmática congênita (como no caso do Murilo que contamos acima)
  • obstruções da bexiga

A mielomeningocele é outro bom exemplo da Medicina Fetal em prática. Trata-se de um problema relativamente comum, afetando cerca de 01 a cada mil fetos. Nele, a coluna não se fecha corretamente durante o desenvolvimento; por isso, a medula espinhal e outros tecidos nervosos ficam expostos, o que gera graves riscos de traumas e sequelas, como problemas de movimento e complicações na eliminação de fezes e urina após o nascimento, além de hidrocefalia.

Para tratá-la, pode ser realizada cirurgia ainda durante a gestação ou logo após o nascimento. Evidências sugerem que a cirurgia intrauterina, todavia, pode dobrar o número de bebês capazes de andar e reduzir significativamente os casos de hidrocefalia [5].

Estes e outros problemas de desenvolvimento podem, atualmente, ser estudados e cuidados ao longo da gravidez. Métodos diagnósticos modernos permitem que os pais acompanhem de pertinho o desenvolvimento do bebê, e recebam informações diagnósticas caso qualquer problema seja identificado.

 

Como obter os melhores cuidados da Medicina Fetal?

Toda gestação deve ser acompanhada com o máximo de atenção por profissionais experientes. Nos casos em que potenciais complicações são encontradas, uma equipe multidisciplinar deve trabalhar para garantir a saúde e a qualidade de vida da mãe e da criança.

Um bom exemplo de evolução em Medicina Fetal e de cuidados dedicados à gestação é o do Vera Cruz Hospital. Desde 2020, o Hospital possui o Centro de Gestação de Alto Risco e um Serviço de Medicina Fetal, referência para gestações com complicações para a mãe, para o feto ou para os dois, e que foca em um acompanhamento personalizado para cada gestante.

Blog Hospital Vera Cruz - Medicina Fetal - tratamento personalizado

O serviço conta com equipe de médicos especializados em gestação de alto risco e uma equipe de Medicina Fetal, que conta com equipamento mais moderno de ultrassonografia, capaz de atender a todos os casos na área de medicina fetal.

“Um dos focos [do Centro] é a prevenção e orientação personalizada para cada gestante. Com a iniciativa, diminuiremos a morbimortalidade, isto é, reduziremos o índice de doenças que podem provocar a morte do feto ou da mãe”, explica o pediatra Dr. Antonio Girotto Júnior, diretor de mercado do Vera Cruz Hospital.

O Vera Cruz  Centro Clínico – Unidade Guanabara com sua Equipe de Medicina Fetal oferece diversos exames e procedimentos cirúrgicos que promovem a saúde mesmo antes do nascimento. Acompanhe abaixo alguns dos exames realizados:

 

Exames de Ultrassom

  • Ultrassom para Obstetrícia (avaliação crescimento)
  • Ultrassom Transvaginal para avaliação da Gestação Inicial;
  • Ultrassom Obstétrico para avaliação do Crescimento;
  • Ultrassom Morfológico 11-14 semanas;
  • Ultrassom Morfológico 20-24 semanas;
  • US Obstétrico com Doppler Colorido;
  • US com Doppler colorido para Rastreamento Pré-Eclampsia;
  • Ultrassom Transvaginal para Avaliação do Colo do Útero para Rastreamento de Parto Prematuro ;
  • Ultrassom Transvaginal com Doppler Colorido – Placenta Acreta;
  • Ecocardiografia Fetal com Doppler Colorido 11-14 semanas;
  • Ecocardiografia Fetal com Doppler Colorido 2º e 3º trimestres;
  • Neurossonografia Fetal;
  • US 3D, 4D e 5D

 

Outros exames

  • Procedimentos Invasivos e Genéticos:
    • Amniocentese
    • Biopsia de Vilo Corial
    • Cordocentese

 

A depender do diagnóstico, a Medicina Fetal pode sugerir tratamentos e soluções que possibilitem uma gestação mais segura, um desenvolvimento mais saudável e o tipo de parto mais adequado, como por exemplo…

  • Tratamentos médicos pré-natais
  • Partos por cesariana ou antes do termo com Equipe Especializada
  • Cirurgia intrauterina

 

Falando sobre as cirurgias, exemplos realizados no Centro de Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal são:

  • Correção Espinha Bífida intra-útero (“aberta” e “fetoscópica”);
  • Laserterapia em Síndrome Transfusão Feto-Fetal (STFF);
  • Laser Intersticial em casos Sequência TRAP;
  • Ablação à Laser da Válvula de Uretra Posterior;
  • Oclusão traqueal, em casos de fetos portadores de Hérnia Diafragmática;
  • Laser Intersticial em casos Sequestro Pulmonar;
  • Colocação Shunts toracoamnioticos e vesicoamnioticos;
  • Acretismo placentário
  • Transfusão Intrauterina e outros.

“O tratamento do feto avançou muito nos últimos anos e o Vera Cruz Hospital é um dos poucos hospitais no País que está capacitado para receber com sua equipe multidisciplinar de Medicina & Cirurgia Fetal para receber e intervir em casos que necessitem de terapia ou cirurgia fetal intraútero”, explica o Dr. Renato Ximenes, Coordenador do Serviço de Medicina Fetal do Vera Cruz Hospital.

A evolução da Medicina e da tecnologia nas últimas décadas permitiu que muitos problemas que antes eram ‘invisíveis’ durante a gestação fossem não somente identificados, como também tratados antes mesmo do nascimento. Quando imaginamos que um ser humano ‘completo’ pode se desenvolver a partir da união de apenas 02 células, fica claro como esse processo é profundo e complexo. Problemas podem acontecer em diversas etapas. Atualmente, todavia, eles não são mais sinônimo de desesperança. Mesmo ainda habitando no calor do útero, o feto é considerado, hoje, um ‘pequeno paciente’, e já é possível entender a fundo sua saúde e promover ações de tratamento e cuidado.

 

Contato

Medicina Fetal do Vera Cruz Hospital

O Vera Cruz Centro Clínico – Unidade Guanabara foi criado para oferecer mais comodidade em assistência para diversas especialidades médicas. O espaço, amplo e confortável, foi projetado para proporcionar atendimento ágil e eficiente, do agendamento à realização da consulta.

Rua Gonçalves César, 158 – Jardim Guanabara – Campinas

Telefone: (19) 3751-3770

 

Dr. Renato Ximenes
CRM: 65.975 / RQE: 53343

Médico pela Universidade de Taubaté. Mestre em Ciências Médicas pelo Departamento de Diagnóstico por Imagem da UNIFESP, sócio diretor do Centro de Ultra-sonografia & Medicina Fetal de Campinas, Curador da Fundação de Medicina Fetal Latinoamericana – FMFLA. Sua linha de pesquisa é a de diagnóstico pré-natal e Medicina Fetal, principalmente nos seguintes temas: diagnóstico pré-natal, ultra-sonografia, ressonância magnética fetal, rastreamento primeiro e segundo trimestres, Pré-Eclampsia e ecocardiografia fetal. No Vera Cruz Hospital coordena o Serviço de Medicina Fetal.

 

PARA SABER MAIS

  1. https://www.youtube.com/watch?v=doIil3OH1y4
  2. Ralston ER, Smith P, Chilcot J, Silverio SA, Bramham K. Perceptions of risk in pregnancy with chronic disease: A systematic review and thematic synthesis. PLoS One. 2021 Jul 19;16(7):e0254956. doi: 10.1371/journal.pone.0254956. PMID: 34280227; PMCID: PMC8289065.
  3. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/anomalias-congenita
  4. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/birth-defects
  5. https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2023/01/medicina-fetal-avancos-permitem-diagnosticar-e-tratar-bebes-no-utero.ghtml
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