Dia da Saúde e da Nutrição: a maioria dos adultos no Brasil está com sobrepeso – tem como evitar? - Blog - Hospital Vera Cruz

31/03/2024

Dia da Saúde e da Nutrição: a maioria dos adultos no Brasil está com sobrepeso – tem como evitar?

Pesquisa indica que mais de 30 mil vidas poderiam ser salvas no Brasil caso houvesse redução no consumo de alimentos ultraprocessados. No Dia da Saúde e da Nutrição, entenda os efeitos da alimentação na saúde e o que podemos fazer para comer melhor!

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31 de março é o Dia da Saúde e da Nutrição, uma data que completará dez anos no calendário nacional no ano que vem.

Falar sobre saúde alimentar não é uma iniciativa isolada: quando a data foi instituída, em 2015, o Guia Alimentar para a População Brasileira – documento de referência e enorme relevância para políticas públicas e para a saúde da população – havia acabado de ganhar sua segunda grande atualização. Pouco tempo depois, em 2022, todos os consumidores brasileiros passaram a encontrar os novos rótulos de alimentos nas prateleiras do mercado, destacando de maneira bem clara os altos teores de açúcares, sal e gordura adicionados.

Como vemos, existe um enorme empenho Ministério da Saúde em fazer as pessoas comerem bem. Sabe a razão?

É porque uma parcela muito substancial da população se alimenta muito mal. E isso não tem a ver com falta de alimentos, mas sim com excesso. A má alimentação está diretamente associada a um número elevado de problemas de saúde, inclusive aqueles capazes de afetam o bem-estar da pessoa durante várias décadas, e é responsável por mais de 55 mil mortes todos os anos no país.

 

Alguns efeitos da má alimentação na saúde

Alimentar-se mal impacta corpo e mente, reduz os níveis de energia, atrapalha o sono e aumenta os riscos de desenvolvimento de graves doenças, como:

  • Câncer: pelo menos 13 tipos de câncer são fortemente correlacionados a uma alimentação desequilibrada, entre eles o de endométrio, o de mama e o colorretal.
  • Diabetes tipo 2: uma doença crônica (isto é, ainda sem cura) e que afeta centenas de milhões de pessoas em todo o planeta, com custos altos de tratamentos e impacto severo na saúde se não tratada adequadamente. Sobrepeso e obesidade são alguns dos principais fatores de risco para ela.
  • Problemas cardíacos e circulatórios: alguns dos principais ‘vilões’ da saúde, problemas cardiovasculares são afetados por dietas ricas em gorduras e açúcares em excesso.

Além disso, vale lembrar: não importa a classe social ou condição educacional, em média o brasileiro ainda não se alimenta muito bem. Isso pode ser facilmente percebido pelas taxas de sobrepeso e obesidade, que crescem a cada ano.

No geral, o brasileiro adora alimentos repletos de carboidratos, sal e gordura. O paladar pode achá-los atraentes, mas o resto do corpo pode sofrer com esses hábitos alimentares. O Dia da Saúde e da Nutrição é uma ótima oportunidade para conversarmos sobre esses assuntos.

 

O Peso do Brasil

Em 2020, o IBGE divulgou os resultados da pesquisa nacional mais recente sobre a obesidade e sobrepeso.

No período entre 2003 e 2019 (apenas 17 anos), mais que dobrou o número de adultos acima de 20 anos com obesidade: a porcentagem subiu de 12.2% para 26.8% da população.

Em 2003, 14.5% das mulheres eram obesas; em 2019, já eram mais de 30%.
Entre os homens, as taxas subiram de 9.6% para 22.8% no mesmo período.

Quando o assunto é sobrepeso (excesso de peso que ainda não é obesidade), os números também não são animadores. Também no período 2003 – 2019, e também considerando-se a população adulta com mais de 20 anos, o índice de sobrepeso no Brasil subiu de 43.3% para 61.7%.

Em resumo: em 2019, 01 a cada 04 pessoas com mais de 18 anos no Brasil estava com obesidade. Isso corresponde a mais de 40 milhões de brasileiros. E, de cada 10 pessoas, 06 estavam com sobrepeso – são outras 96 milhões de pessoas.

 

Comer bem poderia evitar mais de 50 mil mortes todos os anos

Um dos melhores exemplos de como alimentação tem tudo a ver com a vida e com a saúde veio dos resultados de um estudo recente, publicado no ano passado.

O trabalho, liderado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidad de Santiago de Chile, revelou que os alimentos ultraprocessados foram responsáveis, em 2019, por mais de 57 mil mortes no Brasil. Isso representa mais de 10% do total de óbitos no país naquele ano.

De acordo com os autores do estudo, caso os brasileiros reduzissem em 20% o consumo de ultraprocessados – seria algo como substituir, em 01 ou 02 dias da semana, os ultraprocessados nas refeições por alimentos mais saudáveis –, pelo menos 12 mil vidas poderiam ser salvas anualmente.

Se o consumo de ultraprocessados caísse pela metade, seriam quase 30 mil vidas poupadas.

‘Ultraprocessados’ são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes)

A pesquisa é interessante porque demonstra o principal problema da alimentação do brasileiro (e de diversas outras populações no mundo moderno): alimentos industrializados são muito fáceis de ser obter, fáceis de preparar, costumam ser saborosos e relativamente baratos – acima de tudo, costumam fazer bastante mal à saúde, já que contêm quantidades elevadas de carboidratos, gorduras e sal, com baixa ou nenhuma quantidade de proteínas, fibras, vitaminas e demais nutrientes.

Com isso, quem se alimenta com base no “mais prático e mais barato” ou “desembala mais e descasca menos” costuma comer mal. E isso se reflete na saúde deteriorada, como temos visto nos últimos anos.

 

O que pode ser feito para reverter a tendência?

O Dia Nacional da Saúde e Nutrição é uma data para apontar os bons caminhos – e muito pode ser feito a fim de melhorar a alimentação das pessoas, garantindo maior qualidade de vida e saúde reforçada. Confira algumas dicas a seguir:

 

Falta de tempo: quase todos os especialistas concordam que é muito melhor comer alimentos naturais, minimamente processados, e preparados ‘na cozinha’ (e não na indústria). Mas nem sempre há tempo para preparar um prato nutritivo, ou meios para comer fora de casa. Nessas horas, esquentar uma lasanha no micro-ondas pode parecer uma boa solução (mas não é!). A falta de tempo para cozinhar, de fato, é apontada por muitos como um dos motivos da má alimentação.

Para reverter essa tendência, é preciso reeducação. A alimentação deve ser encarada como um dos momentos mais importantes do dia, quase algo ‘sagrado’. Afinal de contas, o que se está ingerindo agora terá efeito imediatos, de médio e de longo prazo na saúde. Comer bem hoje pode, sim, evitar uma ida ao médico amanhã. Por isso, a mania de comer rápido, “de qualquer maneira”, sem prestar atenção ao que se come, deveria ser substituída pela consciência da importância que é a ingestão de alimentos saudáveis para o corpo. Tendo isso em mente, fica até mais fácil justificar investir minutos adicionais do dia no preparo deles.

Aqui no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza mais de R$ 1,5 bilhão anualmente com tratamentos relacionados à obesidade e ao sobrepeso

Produtos mais baratos: é verdade que, em termos de custo, muitas vezes os alimentos industrializados representam uma economia na hora de passar as compras no supermercado. O mais importante é lembrar-se de que esse baixo custo terá consequências no futuro, que poderão ser bem caras para sua saúde. É tudo uma questão de perspectiva e de planejamento para o futuro.

Saber o que você está comendo: aproveite os benefícios das novas rotulagens de alimentos e preste atenção especial às ‘lupas’, que aparecem em destaques pretos e brancos na frente das embalagens e indicam aqueles alimentos com altos teores de açúcares, gorduras e sódio adicionados. Para esses, moderação no consumo é essencial. Outra dica é utilizar aplicativos (como o ‘Desrotulando’), que ajudam você a escolher os alimentos industrializados mais saudáveis.

Cuidar do peso e dos exercícios como rotina: a maioria das pessoas passa bem mais que meia hora, todos os dias, na telinha do telefone, navegando pelas redes sociais. Este é um hábito moderno, que não existia 20 anos atrás, mas ao qual praticamente todos já estão mais que acostumados. Nesse mesmo sentido, acostumar-se a praticar um mínimo de exercícios todos os dias – seja subir escadas, seja sair para caminhar por 15 minutos – também deveria se transformar em hábito. O excesso de calorias e o sedentarismo estão sempre à espreita. Mexer-se, no mundo moderno, é uma necessidade. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a recomendação é de 120 a 150 minutos por semana para prevenção de todos os diagnósticos oncológicos.

Ensinar os pequenos a comer bem: hábitos se formam desde pequeno. Crianças que cresceram experimentando diversos alimentos diferentes e sendo ensinadas a comer de forma saudável acabam adquirindo um gosto para alimentos naturais, percebendo mais facilmente os ‘excessos’ que os industrializados possuem. Assim, quanto mais cedo introduzirmos a educação nutricional, ensinando as crianças sobre a importância de comer bem, mais fácil será vermos adultos saudáveis no futuro.

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Alimentar-se é uma das ‘necessidades’ diárias mais prazerosas exigidas pelo corpo humano. É, também, uma das mais complexas, demandando atenção, conhecimento e autocontrole. As facilidades do mundo moderno levam a um caminho em que comer muito e mal acaba se tornando a regra, com consequências graves tanto ao peso quanto à saúde. Mas não precisa ser assim. Ao separar o tempo necessário para comer bem e selecionar com cuidado o que se está ingerindo, podemos garantir mais energia, saúde e disposição para uma vida longeva e com muito menos doenças. Basta pensarmos nos alimentos como uma parte essencial de nós mesmos.

 

Para saber mais:

Pesquisas IBGE sobre sobrepeso e obesidade:

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-10/ibge-obesidade-mais-do-que-dobra-na-populacao-com-mais-de-20-anos

Guia Alimentar para a População Brasileira – Promovendo a Alimentação Saudável:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/@@download/file/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

 

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