Carnaval e álcool? É melhor repensar essa mistura - Blog - Hospital Vera Cruz

15/02/2023

Carnaval e álcool? É melhor repensar essa mistura

Novos estudos científicos e guias médicos mostram que limite ‘seguro’ de consumo de álcool é menor do que se pensava.

Hospital Vera Cruz - Post Carnaval e Alcool - capa

Este ano, o Carnaval coincide com uma data importantíssima para a saúde – em especial para a saúde de boa parte dos foliões. Dia 20 de fevereiro é o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, um tema que tem tudo a ver com essa época festiva e mais ‘liberal’ do ano. Afinal, muita gente aproveita as festas para beber bem mais do que o devido – mas será que um ou dois dias “virando o caneco” podem realmente fazer mal à saúde?

Hoje vamos trazer novidades sobre o que a Ciência e a Medicina têm descoberto e orientado sobre o consumo de álcool. Quanto é ‘saudável’ consumir? A partir de que ponto a bebida começa a refletir em problemas na saúde? Algumas respostas já se encontram nas mãos dos pesquisadores.

 

O álcool quase nunca é saudável

A Organização Mundial de Saúde identifica mais de 200 problemas de saúde relacionados ao consumo de álcool [1], dentre eles doenças cardiovasculares, diversos tipos de câncer, cirrose hepática e distúrbios mentais. Além disso, o álcool é a droga recreativa mais consumida no mundo, por todos os gêneros, idades e condições sociais. Por isso, o quanto de álcool pode ser ingerido “com segurança” é tópico de centenas de estudos científicos, que compilam dados de saúde de milhares de pessoas em busca de padrões que possam ajudar a responder a esta importantíssima questão médica, econômica e social.

Blog Hospital Vera Cruz - Carnaval e alcool - doses por semana

No final do mês passado, o Canadian Centre on Substance Use and Addiction (Centro Canadense sobre Uso e Dependência de Substâncias, em tradução livre), uma entidade médico-científica que orienta as políticas sobre drogas no Canadá, lançou seu novo guia sobre consumo de álcool [2]. A publicação tem causado grande impacto nas discussões sobre o tema. O documento é resultado de mais de 02 anos de trabalhos e traz, além de opiniões de diversos painéis médicos, os resultados de 16 grandes revisões sistemáticas da literatura científica recente acerca do impacto da bebida na saúde.

Os principais resultados indicam que o consumo de álcool é mais perigoso do que se acreditava até pouco tempo atrás, mesmo em doses baixas.

Dentre os destaques do guia, estão as seguintes conclusões:

  • Não consumir álcool resulta em melhoras substanciais na saúde e no sono, além de ser a única opção viável na gravidez (e a única realmente segura durante o aleitamento materno);
  • Tomar 01 ou 02 doses por semana quase certamente não gerará problemas de saúde;
  • A partir de 03 doses até 06 doses por semana, os primeiros sinais negativos começam a surgir com o tempo. Os riscos de câncer de mama e cólon, dentre outros (como câncer de reto, boca e garganta, fígado, esôfago e laringe), começam a aumentar;
  • Consumir 07 ou mais doses por semana aumenta consideravelmente os riscos de problemas cardíacos e de AVC;
  • A partir de 07 doses, cada dose adicional por semana aumenta “radicalmente” as chances de consequências nefastas para a saúde.

“Uma dose”, para este estudo, corresponde a:

  • 340mL de cerveja (teor alcoólico de 5%) – uma garrafa long neck
  • 140mL de vinho (12%) – uma taça
  • 42mL de destilados (40%) – aproximadamente “um shot”

Os dados acima apontam os limites de consumo semanal, mas em época de Carnaval talvez valha a pena trazer outra conclusão do guia. As orientações mostram que o consumo de mais de 02 doses em uma mesma noite aumenta em muito os riscos de ferimentos para si próprio e para pessoas ao redor, seja por acidentes, seja por episódios de violência. Algo que todo folião certamente já sabe, mas vale reforçar o alerta.

O diferencial deste guia é criar uma ‘escala de risco’, baseada em cores, e que reproduzimos abaixo. Ela resume a principal mensagem do documento: que estudos científicos nos últimos 10 anos têm demonstrado que até mesmo limites que antes eram considerados ‘baixos’ de consumo, como 1 cervejinha toda noite, já geram consequências negativas para a saúde.

BLOG HOSPITAL VERA CRUZ - Carnaval e Alcool - Adaptacao Material Guideline Canadense

Adaptado de Canada’s Guidance on Alcohol and Health: Final Report

 

Mas e os benefícios à saúde do álcool?

Muita gente já ouviu falar ou leu matérias que afirmam que o álcool pode ser um aliado da boa saúde. E é verdade: estudos apontam correlação negativa entre o consumo leve ou moderado de álcool e algumas doenças cardiovasculares [3]. Os efeitos parecem estar relacionados com o fato de que beber álcool aumenta os níveis de HDL (o colesterol ‘bom’) no sangue, o que pode trazer benefícios circulatórios.

“Toda dose conta. Toda redução no consumo de álcool gera benefícios”, afirma o material canadense. “Tomar álcool, mesmo em quantidades pequenas, é nocivo para todos, independentemente de idade, sexo, gênero, etnicidade, tolerância ao álcool ou estilo de vida”.

O grande problema é que existe uma linha muito tênue entre esse consumo ‘leve ou moderado’ e o exagero. E essa linha está sendo revista a cada ano. Por exemplo, no guia no governo norte-americano sobre consumo de álcool para 2020 – 2025, indica-se como ‘consumo moderado’ 01 a 02 doses (no máximo) por dia para homens, e não mais que 01 para mulheres. Perceba que este número é muito maior do que as 01-02 doses por semana que o novo consenso médico canadense aponta. Ou seja, ainda precisamos de mais tempo para definir esse debate com fatos e certezas. Na dúvida, a prudência na hora de beber ainda é a melhor orientação.

Dicas para evitar o consumo excessivo de álcool

  • Beba devagar. Quem ‘degusta’ sua bebida acaba sentindo menos necessidade de buscar ‘refis’.
  • Para cada dose de álcool, beba 01 dose de bebida não-alcoólica. Isso evitará, literalmente, muita ‘dor de cabeça’ no dia seguinte.
  • Coma antes de beber e enquanto estiver bebendo. Álcool e barriga vazia são uma péssima combinação.

O Brasil não sabe beber

As orientações do guia canadense podem parecer restritivas demais, mas quem conhece o quadro do consumo de álcool no Brasil bem sabe o tamanho do problema.

Se, por um lado, a indústria cervejeira nacional é uma potência econômica e representa 2% do PIB, por outro o país perde mais de 7% do Produto Interno Bruto em gastos relacionados direta ou indiretamente ao consumo do álcool [4]. São despesas milionárias todos os anos com saúde (relacionadas a acidentes de trânsito e de trabalho, tratamentos médicos gerais etc), sociais (desemprego, afastamento do trabalho, perda de produtividade) e familiares (assistência médica e social), em um ciclo que não costuma ter um final feliz.

Para se ter uma ideia, estima-se que 20% de todos os tratamentos em clínica geral feitos pelo SUS são provocados pelo consumo excessivo de álcool. Além disso, o alcoolismo atinge pelo menos 15% da população brasileira – são cerca de 32 milhões de pessoas [5]. Isso equivale à soma de toda a população dos estados do RJ e da Bahia, os 3º e 4º mais populosos do país. É um número gigante de brasileiros doentes.

No mundo, o alcoolismo mata mais de 03 milhões de pessoas todos os anos, mais do que a AIDS, a violência e a tuberculose, segundo a OMS.

E para piorar o quadro, estudos feitos durante e após a pandemia revelaram que pelo menos 30% dos entrevistados afirmaram ter aumentado o consumo de álcool durante os últimos anos [6].

O alcoolismo é uma doença crônica, porta de entrada para o uso de outras drogas ainda mais danosas, fonte de mais de duas centenas de doenças e problemas de saúde. A única maneira de evitá-lo é agir com responsabilidade constante. Mesmo durante as festas mais ‘liberais’ do nosso calendário. Mesmo quando a sociedade parece sugerir que “beber um pouquinho a mais” não é algo assim tão perigoso.

Levando em consideração as novas orientações médicas e o tamanho do problema no Brasil (e no planeta), a dica é aproveitar o Carnaval com bastante atenção quando o assunto for álcool. Muito mais do que pensar apenas na ‘ressaca’ do dia seguinte, limitar o consumo trará enormes benefícios de médio e longo prazo para a saúde. Quanto menos álcool, melhor para você e para toda a sociedade.

 

REFERÊNCIAS:

[1] Organização Pan-Americana da Saúde – Especial Álcool

[2] Novo guideline canadense sobre consumo de álcool

[3] https://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/healthy-drinks/drinks-to-consume-in-moderation/alcohol-full-story/

[4] https://www.unifesp.br/reitoria/dci/publicacoes/entreteses/item/2196-problemas-causados-pelo-consumo-custam-7-3-do-pib

[5] https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2015/01/18/internas_economia,609055/porre-de-perdas.shtml

[6] http://www.progep.ufpb.br/progep/contents/em-destaque/dia-nacional-de-combate-as-drogas-e-ao-alcoolismo & Pandemia Alterou Hábitos de Consumo de Álcool e Outras Drogas. Por: Samuel Ribeiro dos Santos Neto. 13 DE JULHO DE 2020 COMCIENCIA. Disponível em: https://www.comciencia.br/pandemia-alterou-habitos-de-consumo-de-alcool-e-drogas/. Acesso em:02/02/2021, às 19:30.

 

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18 de junho

Nossos hospitais foram certificados com o selo de Excelência em boas práticas no enfrentamento da Covid-19

O Vera Cruz Hospital e o Vera Cruz Casa de Saúde receberam esse mês a Certificação com Excelência em Boas Práticas Preventivas para o Enfrentamento do Coronavírus, em reconhecimento por suas condutas no enfrentamento do novo coronavírus, atestando, assim, que a instituição possui ambiente seguro e segue padrões nacionais e internacionais estabelecidos em manuais da certificação. De acordo com a gerente de Qualidade e Segurança do Paciente, Claudia Maria Figueiredo Matias, o Selo em nível de excelência constata e valida a adoção de boas práticas, fluxos e protocolos específicos para oferecer ambiente seguro a todos os pacientes, acompanhantes e pessoas que passam em nossos hospitais, assim como também aos nossos profissionais e prestadores de serviços. Para conceder o selo Covid Free Excelente, o Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde (IBES) realizou um minucioso processo de análise dos hospitais Vera Cruz e Vera Cruz Casa de Saúde, que compreendeu duas etapas: diagnóstico e certificação. Foram avaliados 115 itens, em diversos setores, todos em conformidade com o que preconiza o Manual de Boas Práticas Preventivas para o Enfrentamento do Coronavírus, desenvolvido pelo Comitê Científico do IBES, composto por profissionais especializados no sistema de saúde, baseado em referências científicas mundiais adaptadas à realidade brasileira, explica a enfermeira de Qualidade de Segurança do Paciente, Beatriz Kaori Fujimoto. Entre muitos itens, foram avaliados distanciamento físico, higiene e limpeza, equipamentos de proteção, monitoramento de saúde, deveres e direitos dos colaboradores, treinamentos, comunicação e planos de emergência. A certificação é mais uma forma de levar confiança a todos aqueles que terão contato com o ambiente hospitalar, fazendo com que se sintam acolhidos e protegidos nas dependências das nossas unidades. Nós, do Vera Cruz Casa de Saúde, vivenciamos, diariamente, a batalha contra a Covid-19, por isso, esse certificado veio para validar o nosso trabalho, empenho e dedicação. Todas as nossas ações de melhorias foram planejadas para oferecer o melhor atendimento aos pacientes e seus familiares e aos nossos profissionais. Estamos muito contentes, já que essa também é a primeira certificação da instituição desde que o Vera Cruz assumiu a unidade, comemora Ludmila Ester Miranda Soares, enfermeira de Qualidade e Segurança do Paciente.

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