Maio Amarelo: a maioria dos acidentes de trânsito ocorre quando menos se espera - Blog - Hospital Vera Cruz

21/05/2024

Maio Amarelo: a maioria dos acidentes de trânsito ocorre quando menos se espera

Revisamos os dados e mostramos quais as circunstâncias mais propícias a acidentes com automóveis no Brasil – as conclusões podem te surpreender!

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Aqui no Brasil, a campanha Maio Amarelo comemora 10 anos em 2024. Trata-se de uma década buscando conscientizar a população sobre os perigos encontrados diariamente no trânsito. Inúmeros eventos educativos já estão ocorrendo em todo o país, unindo governos, entidades civis e empresas em ações com um objetivo: reduzir o número expressivo de mortes e de acidentes no Brasil.

90% dos acidentes veiculares no Brasil são causados por erro humano, por motivos como desatenção, falta de habilidade do motorista e imprudência ao conduzir.

O Brasil possui cerca de 220 milhões de habitantes, que convivem com mais de 120 milhões de veículos. Os automóveis são o principal meio de transporte em todo o território nacional, e tanto as vias urbanas quanto as rurais ficam, a cada ano, mais congestionadas. Não à toa, o número de acidentes e de óbitos é alto: segundo o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito, de 2018 a maio do ano passado foram registrados mais de 5 milhões de acidentes no país, envolvendo 7.4 milhões de veículos. Óbitos foram registrados em 2.3% dos acidentes – o que equivale a 59 mortes por 100 mil habitantes. É um número alto. Há muito o que fazer a fim de reduzir essas estatísticas, como veremos a seguir.

Além de ações em todos os estados do país, a campanha Maio Amarelo também é internacional, com atividades sendo realizadas em diversos países da América Latina – como Argentina, Paraguai, Bolívia e Equador – da África (Angola, Moçambique e Gâmbia) e em Portugal.

 

Cultivar a paz no trânsito começa com você

Este ano, o tema da campanha é ‘Paz no trânsito começa por você‘, escolhido por voto popular.

Durante evento de lançamento das iniciativas do Maio Amarelo pelo governo federal, ocorrido no último dia 02, o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Luciano Lourenço, comentou a importância da “paz” quando estamos atrás do volante:

“Ser capaz de se colocar no lugar do outro, ter empatia e paciência – no trânsito urbano, isso é incomum. Nessa loucura que a gente tem, com o ‘tic-tac’ do relógio pressionando o nosso tempo, fazendo com que a nossa cabeça pense mil coisas ao mesmo tempo, a paciência, muitas vezes, nos falta”, comentou Lourenço. “E essa impaciência pode ser refletida na agressividade ou na falta de atenção, como em um atropelamento, ceifando alguma vida.”

Encarar o trânsito já exige, por si só, toda a atenção do motorista. São carros, motos e pedestres cruzando o caminho a todo momento, muitas vezes sem respeitar as regras. Some-se a isso a paisagem urbana e suas cores, luzes e destaques, o rádio, a música, o celular, os passageiros ao lado conversando… são inúmeros fatores que colaboram para tirar a atenção do ato de dirigir, e que podem também influenciar o emocional de quem conduz. Levar o motorista à desatenção ou a reações tardias pode trazer consequências gravíssimas à saúde física e mental de todos os envolvidos.

Estudos realizados nos EUA mostraram que atropelamentos causados por veículos a aprox. 60km/h causaram poucos danos à vítima em apenas 34% dos casos. Nessa velocidade, mais de 30% dos atropelamentos resultaram em danos incapacitantes, e cerca de 9% levaram a óbitos.

Como veremos a seguir, o Brasil é um dos países com maior número de acidentes de trânsito no planeta. Mas como eles ocorrem? Será que são durante o dia, à noite, sob chuvas? Qual o tipo de colisão mais comum? E qual o ‘público-alvo’ mais afetado pelos acidentes? Fizemos uma revisão dos dados de segurança e saúde dos últimos anos e trazemos os resultados a seguir.

 

Por que maio? E por que amarelo?

Maio foi escolhido pela ONU como o mês da proteção das pessoas no trânsito. A data está relacionada aos debates sobre a “Década de Ação para Segurança no Trânsito”, ocorridos em 11 de maio de 2011.

Já a cor amarela da campanha, por sua vez, simboliza um sinal de alerta e de atenção (é só lembrar das luzes dos semáforos!).

 

Brasil: mais de 67 mil acidentes anuais

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal para 2023, o Brasil contabilizou 67.723 acidentes, com 166.833 pessoas envolvidas. Vale notar que os dados do ano passado ainda não foram totalmente contabilizados, e estes números devem aumentar consideravelmente nas próximas revisões.

Desse total até agora, apenas 16% dos acidentes não tiveram vítimas. Ferimentos ocorreram em 76% dos casos, e vítimas fatais em 7%. Em números absolutos: no ano passado, foram mais de 59 mil pessoas com ferimentos leves causados por acidentes de trânsito, 19 mil com ferimentos graves e mais de 5.500 mortes.

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Uma outra base de dados interessante para entendermos o impacto do trânsito na saúde do brasileiro é o Sistema de Informações de Mortes (SIM) do Ministério da Saúde. Os números de 2022, já totalmente consolidados, foram liberados no final do ano passado.

Segundo o governo, naquele ano houve 33.894 óbitos relacionados ao trânsito. A maioria foi decorrente de acidentes de moto, especialmente envolvendo homens na faixa dos 20 aos 24 anos. Vale notar que os homens representaram mais de 80% das vítimas fatais em 2022.

 

Em que condições ocorrem os acidentes de trânsito no Brasil?

É interessante analisar, também, as circunstâncias em que os acidentes mais acontecem no país – e de que tipo eles são.

Afinal, em um primeiro momento, pode-se supor que a maioria dos acidentes ocorra à noite, ou então quando está chovendo; talvez quando a pista estiver em aclives, declives ou em curvas mais fechadas. Todas essas são condições em que dirigir torna-se mais complicado, portanto deveriam estar relacionadas a mais acidentes…se assim fosse, o motorista ou piloto deveria prestar atenção redobrada nessas situações. Todavia, a análise dos dados mostra um panorama curioso. Apesar de acidentes ocorrerem nesses cenários descritos acima, eles são, de longe, as exceções à regra.

Aqui no país, mais da metade dos acidentes ocorre em pleno dia, com céu claro. De acordo com os dados da PRF, cerca de 60% dos acidentes ocorreram de dia, e 64% deles com o céu radiante, sem nuvens (apenas 17% dos acidentes ocorreram em condições de chuva ou céu nublado).

Em outras palavras: é importante manter-se atento ao volante mesmo quando as condições climáticas estão absolutamente perfeitas. É nessas horas que as batidas mais costumam ocorrer.

Outra informação interessante: quase todos os acidentes registrados no país ocorreram em vias de traçado reto – ou seja, não foram em subidas, nem em descidas ou em curvas/rotatórias/desvios.

HVC - Maio Amarelo e Acidentes de Transito - Blog - Como ocorrem os acidentes

O tipo de acidente mais comum (cerca de 20% dos casos) foram as batidas traseiras, causadas por reação tardia ou ausência de reação do condutor.

Quando o tempo está bom e o condutor encontra-se em uma via reta, sem curvas, é possível que essas condições ‘ideais’ o deixem mais relaxado, prestando menos atenção à pista – é aí que os acidentes acontecem!

 

Proteja-se no trânsito

A campanha do Maio Amarelo deste ano reforça a necessidade de estarmos com todos os sentidos em alerta máximo quando estamos na rua, seja na condição de motorista, seja de passageiro ou pedestre. Não importa a condições climática, a hora do dia ou o tipo de via.

Hoje em dia, as distrações nos acompanham a todo momento, mesmo quando saímos de casa. Os celulares, em especial, são sempre vistos nas mãos de pedestres e nos painéis dos motoristas, fornecendo um fluxo constante de notificações que retiram a atenção das ruas para as telas. Resistir ao impulso quase ‘natural’ de olhar para o telefone é um treinamento necessário atualmente.

Além disso, diversos estudos apontam que a sociedade moderna está se tornando menos tolerante com o outro – e isso se reflete, também, no trânsito. Dirigir em situações de tráfego pesado é estressante para qualquer um; ir para um compromisso e ter de encarar vias repletas de veículos quando se tem pouco tempo, também. Apesar disso, lembremos o quanto um acidente pode mudar a vida de todos os envolvidos. Danos materiais e à saúde de condutores, passageiros e pedestres podem ser gravíssimos, mesmo nas colisões mais leves. Não vale a pena deixar que a falta de atenção ou de paz ao dirigir resulte em problemas como esses.

Como bem lembra a campanha, a paz no trânsito é um dever, que começa com cada um de nós. Para construí-la, o simples ato de prestar mais atenção aos arredores quando se está na rua já pode ajudar sobremaneira. O cuidado com a nossa saúde – e a do próximo – é uma missão que todos devemos aceitar.

 

Para saber mais:

 

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